quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A few good man (Questão de Honra), 1992. [LIGHT SPOILER ALERT]

Cara, eu quase não acreditei quando vi que Questão de Honra (que péssima tradução!) é de 1992.

Esse é um filme que sempre vai ser atual, enquanto houver guerras, exércitos, milícias (ou seja, forever).



Certamente eu assisti esse filme umas 5 ou 6 vezes nesses 20 anos e algumas falas são marcantes e inesquecíveis. O elenco é absurdo! Tom Cruise, Demi Moore, Kevin Bacon, Kieffer Sutterland, Cuba Gooding Jr e, numa atuação magnífica, Jack Nicholson.

Basicamente o driver do filme é a acusação de 2 fuzileiros navais baseados em Guantánamo (GITMO) pelo assassinato do fuzileiro Willy Santiago. Segundo a promotoria, Santiago foi morto para não denunciar a má conduta de um dos dois fuzileiros acusados e segundo a defesa, os fuzileiros seguiam ordens e mataram Santiago acidentalmente ao aplicar um corretivo chamado genericamente de 'Código Vermelho'.

As questões levantadas envolvem entre outras coisas se há responsabilidade transferida ao executar uma ordem direta ou indireta. Se a capacidade de julgamento de um soldado deve se sobrepor à ordem recebida.

Mas à parte desse mote, há um desenrolar excepcional. Os personagens são ótimos. Jack Nicholson é um militar linha dura das antigas que acredita que ele é o escudo de aço que protege a liberdade, que é o seu latido no quintal que permite aos americanos adormecerem tranquilamente em suas camas a noite. Kiefer Sutherland é o 'redneck motherfucker'. Mais fiel que um cão pastor e que segue sem questionamento os preceitos mais absurdos, estejam contidos na King James Bible ou nas ordens do Cel. Nathan Jessep (Nicholson). Tom Cruise é um advogadozinho que vive de acordos e que faz tudo para não ir ao tribunal, entretanto vive com um sentimento enterrado de vergonha por não se considerar a altura do seu falecido pai, um grande advogado. Demi Moore é uma advogada 'caxias', que de tão 'cri-cri' foi afastada das ações de tribunal e trancafiada em um setor burocrático 'para parar de encher o saco', vive tentando se autoafirmar nesse ambiente altamente misógino.

No final ficamos nos perguntando se o Cel. Jessep está tão errado. Talvez quando o filme foi lançado sim. Em 1992, o solo continental americano era tido como incólume a possíveis ataques (estou considerando Pearl Harbor um ponto fora da curva por não ser continental). Já nos tempos atuais (pós 9/11) podemos ver como se justificam os atos que - sim - são cometidos em nome de um sistema que treina forças de combate com códigos de honra que beiram o absurdo e que incluem castigos físicos e psicológicos.

O momento em que Jessep grita: - You can't handle the truth!


É uma pergunta para nós. Estamos preparados para lidar com essa inconveniente verdade? Essa abordagem previne ou provoca atentados e decapitações?

Um comentário:

Silvia Whatever disse...

Preciso rever esse filme, é maravilhosoooooooooo!